Menti.
Não passei o dia a sonhar. Não fui capaz.
Levantei-me e fiz todas aquelas coisas que sabia que tinha para fazer.
Quando acordam, começa. E acaba quando adormecem. O problema é que não acaba, porque começa de novo quando acordam.
É humanamente impossível não ser afectada. Existe uma tempestade constante, cortada por breves momentos de raios solares traiçoeiros que desaparecem tão depressa como apareceram.
Antes, quando o sol saia, sentia esperança. Agora, nem isso sinto. Sabemos que voltaremos a ser cobertas por nuvens negras e que a chuva voltará a cair.
Antes, preocupava-me. Agora, concentro todas as minhas forças em ignorar a tempestade. Vou sair dela um dia, para onde há sempre sol. Sinto tristeza, porque vou deixa-los para trás, mas é inevitável. Não é a minha tempestade.
Deixamo-la muitos dias com lágrimas a correr-lhe pelas faces. As lágrimas são de tristeza, de ódio, de pena, de amor e de paixão perdida. Às vezes, ponho-me no lugar dela e não encontro solução para fazer com que a chuva abrande. Sinto uma depressão enorme pela felicidade que já não sabe sentir.
Outras vezes, ponho-me no lugar dele, para equilibrar. Ele tenta, e ás vezes farta-se. Há um limite para tudo. Para os insultos, para as tentativas falhadas. Desiste durante um pouco e depois algo lhe dá força para tentar de novo, só para falhar outra vez.
E, a culpa não é da pequena. Os problemas já existiam antes, crescem já com raízes profundas. Sono e frustração pioram-nos. Mas a culpa não é dela. E espero que ela venha a compreender isso. Ou que, por enquanto, veja só o sol.
Á medida que cresço ganho clareza. Comentários que antes me deixavam perplexa, compreendo agora. Consigo afastar-me o suficiente para ver os dois lados, as duas opiniões. Ás vezes dou a minha opinião, mas abstenho-me muito. Não quero tomar uma posição.
Ambos lutam por nós, de maneiras diferentes. Sei claramente que se chegar um momento em que temos que escolher, começo a andar e não olho para trás. A escolha é impossível. Ninguém tem o direito de me pedir para escolher. Não é um poder que possuo.
November 05, 2008
Yesterday
Hoje, a casa está vazia.
Hoje, só existo eu no meu mundo.
Hoje, tenho tanto para fazer, mas sei que vou passar o dia a sonhar.
Ligo o portátil na minha cama, ponho-o nos meus joelhos, e ouço a tua voz a dizer “Isso dá cabo do teu computador”. Ignoro. Já não escrevo há bastante tempo, e sem planear, acabo por abrir o Word, na busca de inspiração. O Media Player reproduz uma selecção estranha para me acompanhar.
Amanha vou regressar às aulas, e a normalidade vai retornar. De novo presa naquele mundo de regras e horários. De novo a vegetar nas aulas, bombardeada por informação.
Tenho uma mensagem no meu telemóvel, sei que é tua. Mas deixo-a. Deixo estar, porque não quero estragar a minha ilusão de que algo mágico está á minha espera.
Passaste cá o fim-de-semana, foi divertido. Precisava dos teus abraços. Precisava tanto dos teus abraços. Envolves-me, e tudo desaparece. Fico amparada, e revitalizada.
Pregaste-me um susto enorme. Quando chegaste, a Ângela chorou tanto. Preocupo-me e a ti também. Quando finalmente escapei por segundos, estavas á minha frente. Abraçaste-me, e tinhas ar de nervosismo. Não liguei muito, porque sentia-me da mesma maneira, ver-te de novo era bom. E, de repente, tiras algo de detrás das costas. Uma caixinha azul, de joalharia. “Argghhhhh!”. Pânico invadiu o meu corpo, deixando-me a tremer. Atrevo-me a olhar para ti, e tens ar de brincadeira. Abres ou abro eu, não me lembro bem. E lá dentro, duas argolas. Dois piercings para os meus lábios. “Cabrão, reles”.
Alivio.
Brincaste depois, a descrever a situação na cozinha. Sim, tinha piada. E era mesmo isso que esperava de ti. Nem me devia ter preocupado, nunca me irias oferecer algo tão comprometedor. Mas, mesmo assim, senti aquilo.
Instinto.
E ajudaste-me a pô-los, e comentaste como me ficavam bem. É verdade, ficam. E foi muito querido da tua parte. Nem sei se te agradeci como deve ser, mas podias ver no meu olhar, se quisesses. Fica aqui também registado, um simples “obrigado”.
Hoje, só existo eu no meu mundo.
Hoje, tenho tanto para fazer, mas sei que vou passar o dia a sonhar.
Ligo o portátil na minha cama, ponho-o nos meus joelhos, e ouço a tua voz a dizer “Isso dá cabo do teu computador”. Ignoro. Já não escrevo há bastante tempo, e sem planear, acabo por abrir o Word, na busca de inspiração. O Media Player reproduz uma selecção estranha para me acompanhar.
Amanha vou regressar às aulas, e a normalidade vai retornar. De novo presa naquele mundo de regras e horários. De novo a vegetar nas aulas, bombardeada por informação.
Tenho uma mensagem no meu telemóvel, sei que é tua. Mas deixo-a. Deixo estar, porque não quero estragar a minha ilusão de que algo mágico está á minha espera.
Passaste cá o fim-de-semana, foi divertido. Precisava dos teus abraços. Precisava tanto dos teus abraços. Envolves-me, e tudo desaparece. Fico amparada, e revitalizada.
Pregaste-me um susto enorme. Quando chegaste, a Ângela chorou tanto. Preocupo-me e a ti também. Quando finalmente escapei por segundos, estavas á minha frente. Abraçaste-me, e tinhas ar de nervosismo. Não liguei muito, porque sentia-me da mesma maneira, ver-te de novo era bom. E, de repente, tiras algo de detrás das costas. Uma caixinha azul, de joalharia. “Argghhhhh!”. Pânico invadiu o meu corpo, deixando-me a tremer. Atrevo-me a olhar para ti, e tens ar de brincadeira. Abres ou abro eu, não me lembro bem. E lá dentro, duas argolas. Dois piercings para os meus lábios. “Cabrão, reles”.
Alivio.
Brincaste depois, a descrever a situação na cozinha. Sim, tinha piada. E era mesmo isso que esperava de ti. Nem me devia ter preocupado, nunca me irias oferecer algo tão comprometedor. Mas, mesmo assim, senti aquilo.
Instinto.
E ajudaste-me a pô-los, e comentaste como me ficavam bem. É verdade, ficam. E foi muito querido da tua parte. Nem sei se te agradeci como deve ser, mas podias ver no meu olhar, se quisesses. Fica aqui também registado, um simples “obrigado”.
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